Segunda-feira, 23 de Agosto de 2004
Pois é! Chegou finalmente a minha vez de ir de vacances.Já era sem tempo
agora só espero que o sol continue como nos últimos dias do fim de semana.
De qualquer maneira vou sair do tal quarto escuro que tanto me atormentou
neste agosto cinzentão e depressivo.Deixo-vos olimpicamente com todo o meu
amor e com os Led Zeppelin... all_off_my_love... divirtam-se a até ao meu
regresso para Setembro!...
Sábado, 21 de Agosto de 2004
Estou apenas a falar de mim,a arrumar a prateleira com os meus tesouros,
a arquivar estes sentimentos presentes enquanto o futuro me puxa...
serei o que sou,estou só a tentar não falsear as coisas nem mentir.
Usar a visão como sentido e não como muleta!
Isto não tem assim tanta importância;aconteça o que acontecer havemos de
sobreviver,estou só a tentar não empenhar a minha vida.
Quando for (talvez)velho e puritano,será que renegarei tudo o que
sinto? Será que extrairei toda a ira dos meus olhos de aço em palavras
de amargo compromisso?
Ser um eremita,então?
Ou um avarento?
Ou alguém que ainda não conseguiu estabelecer as suas próprias regras?
O louco ?
O futuro pega-me no quarto pela mão...
Bom,então os meus fantasmas continuarão a caminhar através dos anos e
apoderar-se-ão da minha alma como olhos de gelo.
Sexta-feira, 20 de Agosto de 2004
Estava a pensar em pensar mas isso não me levou muito longe,
então pensei fazer um Tarot,mas só tenho a Sacerdotisa e a Estrela.
Há uma sombra lançada entre o futuro e o passado;
o quarto e eu concordamos em passar algum tempo juntos...
uma vez que o tempo não está convidativo(Agosto cinzento) e
nas cartas não há verdades nem mentiras,só opções e indícios:
a mobília do quarto escuro.
Tenho estado a pensar na pombinha branca,mas parece-me não haver
razão para nos fiarmos nela.
Nada de vital alcanço e sinto-me como um cão de trela.
É tudo (in)perfeito,irreal,paradoxal,in-diferente e,da maneira
como estou,gostaria de fazer as coisas a meu modo...os paraísos artificiais
são agradáveis:faço de vez em quando boas viagens de prazer.
Mas,no fundo de mim mesmo,não sou melhor nem pior,apenas aberto
às paredes.A tinta estala no escuro do meu quarto...
Quinta-feira, 19 de Agosto de 2004
Ainda em relação aos Jogos Olímpicos do nosso
descontentamento,é bom re-lembrar as palavras
sábias de Nietszche,"Eterno Retorno" ilustrando
bem o paradoxo que de-fine o espaço e o tempo
entre o "Milagre Grego" e a "Tragédia Grega";
«Até que ponto encontrei assim o conceito de
"trágico",o conhecimento definitivo sobre o que
é a psicologia da tragédia,foi por mim expresso
ultimamente ainda no Crepúsculo dos Ídolos. O
dizer sim à própria vida,mesmo nos seus mais
estranhos e mais duros problemas;a vontade de
viver,que se alegra com o sacrifício dos seus
tipos mais elevados à própria inesgotabilidade
- eis o que eu chamo dionisíaco,eis o que advinhei
como ponte para a psicologia do poeta trágico[...]
ser ele mesmo o eterno prazer do devir[...]
faltava a sabedoria trágica - em vão procurei os
seus indícios nos grandes gregos da filosofia,os
pré-socráticos[...] A doutrina do "Eterno Retorno"
isto é,de um ciclo incondicionado e infinito de
todas as coisas - assim foi a aniquilação implacável
de tudo o que é degenerado e parasita».Amigos
Nietszche quer distinguir o mundo aparente do mundo
real,no senso comum,o fictício e a realidade,a
perfeição da in-perfeição...a mentira do ideal foi
até agora o paradoxo sobre a realidade,a própria
humanidade foi por ela falsificada e viciada até
aos seus mais profundos instintos.Até,vejam bem,
à adoração dos valores contrários àqueles com que
lhe estaria garantida a prosperidade,o futuro,o
o sublime direito ao futuro.Eis assim chegados
ao espírito dos jogos da era moderna,mas que futuro?
O futuro agora?Pois é amigos eu também quero quebrar
as nossas barreiras e fazer com que a vida valha
mais do que os sonhos...Oh,um dia destes o Milénio!
Quarta-feira, 18 de Agosto de 2004
> >>> > POR FAVOR LER E DIVULGAR!
> >> > Eu sou a Andreia, tenho 22 anos, sou Educadora de Infância recém
> >>formada
> >>e
> >> > moro em Lisboa. Sucede que até há pouco tempo a minha vida
> >>decorria
> >> > normalmente e feliz até que me foi detectada Leucemia que se
> >>veio a
> >> > verificar ser do tipo Mieloide Crónica poderei ficar totalmente
> >>curada
> >>se
> >> > receber uma transplantação de medula óssea. Constatamos que
> >>tanto os
> >>meus
> >> > pais como irmã não são compatíveis para o efeito ... como tal
> >>procuro um
> >>
> >> > dador. Todos os esclarecimentos podem ser obtidos no site do
> >>CEDACE -
> >>Centro
> >> > de Histocompatibilidade do Sul
http://www.chsul.pt. O meu nome é
> >>Andreia
> >> > Margarida Morais e Mota.
> >> >
> >> > Poderá contactar-nos através do 966886302 ou
> >>motaandreia@hotmail.com.
> >> > O possível dador não corre qualquer risco ficar-lhe-ia
> >>eternamente grata
> >>se
> >> > me puder ajudar!
> >> >
> >> > Caso não seja possível, agradeço na mesma a sua atenção e
> >>desejo-lhe
> >>toda a
> >> > felicidade que eu gostaria de ter.
> >> >
> >> > Um beijinho
> >> > Andreia
> >> >
> >> > P.F., não ignorem a mensagem. Ler e reencaminhar não custa nada.
> >> > Obrigada.
Terça-feira, 17 de Agosto de 2004
Os Gregos tal como Platão preconizava cultivavam fundamentalmente
o Belo e a virtude,sem excluírem a separação do culto do corpo e da
alma.Essa filosofia do corpo desenvolvida como arte e cultura dos
homens atletas,também foi muitas vezes subversiva ao qual muitos
heróis,vencedores,eram somente homens de músculos e desprovidos
de espírito,que receberam a adulação da cidade inteira à qual nada
deram;alguns eram pela simples razão meros caçadores de prémios
semi-profissionais e nada mais. Este instinto para tomar as coisas
como um todo é a origem da sanidade fundamental da vida grega.
Os Gregos tinham as suas paixões;as suas crónicas políticas não estão
isentas,mais do que as de qualquer outro povo,de paroxismos de
selvajaria;o exilado faminto arruinaria a cidade pólis, se pudesse
regressar e governar,quer fosse oligarca ou democrata.Mas o nível
deles em toda as actividades tinha um são equilíbrio. Todavia para os
gregos essa filosofia do corpo,que eu diria, «corpo próprio»,não passava
de uma certa mundanidade,porque o aparecer do corpo no mundo
confude-se com a experiência ordinária deste corpo.É esta ex-periência
mundana do corpo que expressa, a seu respeito o saber tradicional da
humanidade.E muito antes da concepção «mecanicista» do corpo,a do
«homem-máquina»,que encontramos em La Mettrie,surge inevitavelmente
a tragédia grega.Tragédia a qual é construída sobre o princípio de que
nos problemas humanos é a lei que prevalece,não o acaso.Tal como mais
tarde para os latinos,a Virtu e a Fortuna aliada a um certo comercialismo
deu no que deu,a decadência de toda a Cultura Ocidental Grega,Judaica
e Latina,isto é dizer,toda a Ocidentalidade.Acho que aqui está dada a resposta
ao Paulo que pertinentemente questionou,o porquê da actualidade não
existir jamais esse verdadeiro arête(espírito)grego.Acrescento ao Paulo
para consultar a obra "A Tragédia Grega" de Nietzche.
Segunda-feira, 16 de Agosto de 2004
ODE AO HERÓI
Aquele que conquista,célere,algum nobre prémio
Nos anos cheios da juventude
Bem alto é levado pela esperança;a sua coragem ganha asas;
Tem no coração um bem maior que a riqueza.
Mas breve é para o homem a estação do deleite.
Depressa se desmorona por terra;qualquer temível
decisão basta para o extinguir.
Criatura de um só dia! Tal é o homem:sombra de um sonho.
E,contudo,quando o esplendor divino baixa sobre ele,
Uma luz radiosa o ilumina,e maravilha é a vida!
- Egina,mãe adorada,guia esta cidade na senda da
liberdade.
Com a ajuda de Zeus e o auxílio do herói Éaco,
E de Peleu,do intrépido Télamon e de Aquiles...
PÍNDARO (séc.V ac)
Começou o verdadeiro espírito do desporto,o espírito Grego desde a antiguidade.
São os jogos Pan-helénicos,quer locais ou internacionais,
que mais claramente ilustram a faceta do espírito(Arête)
grego.Entre nós censura-se muitas vezes um homem porque "faz dos jogos uma religião".
Os Gregos não faziam,mas faziam coisa talvez mais surpreendente:integravam os jogos
na sua religião.
Para sermos absolutamente claros,os Jogos Olímpicos,o maior dos quatro festivais internacionais
eram celebrados em honra de Zeus de Olímpia,os Jogos Píticos em honra de Apolo,os Jogos Penatenaicos
em honra de Atena.Acresce que eram realizados no recinto sagrado.Qualquer guerra intermitente que existisse
era imediatamente suspensa,levando a longas tréguas.O sentimento que estimulou o facto era perfeitamente
natural.A competição era um meio de estimular e revelar a arête(espírito)humano, o que constítuia valiosa
oferta ao deus.O grande jogo ou o número era o pentatlo: uma corrida, um salto,lançamento do disco, do dardo e luta.
Quem triunfava era um verdadeiro homem.Era um Herói e como tal era considerado pelos seus concidadãos.Eram-lhe
prestadas honras públicas - que podiam incluir a concessão de refeições na câmara municipal, para o resto da vida,
a expensas públicas,até se escrevia um hino em honra do campeão.
Foi assim até ao espírito dos Jogos da era moderna com Pierre Coubertain.
Que esse sentimento humanista perdure,dure ao longo destes inesquecíveis dias
do novo século,que o verdadeiro arête desportista ao menos faça esquecer guerras
e ódios,façamos o exemplo do grego arcaico e clássico o exemplo do nosso milénio.
Quarta-feira, 11 de Agosto de 2004
Escuridão
O dia acorda escuro,delimita agora o infinito;a vida rasteja do passado...
observando maravilhado,traço em mim os seus modelos...o amanhã do amanhã
será novamente o nascimento;barcos giram na ponte da pântano...
o passado volta à minha vida e gasta-a.
Não me culpes pelas letras que se possam formar na areia;não me olhes nos
olhos,talvez os números que se me espalham no céu e me tingem a
mão. Não me digas que estou errado por imaginar que a voz da minha vida
não canta...o destino entra e fala com palavras antigas:divertem-no.
As mãos brilham escuras e brancas; só na escuridão aparecem.
Brilham nos meus olhos e tocam na face onde antes as vi;não me culpes,por
favor,pelo destino que cai;não fui eu quem escolhi...
Segunda-feira, 9 de Agosto de 2004
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