Sexta-feira, 31 de Dezembro de 2004
Susan Sontag: Morreu a Intelectual da Contestação
Susan Sontag, uma das intelectuais mais influentes da América, morreu ontem aos 71 anos com uma leucemia. Ensaísta, crítica e romancista, Sontag foi uma das figuras mais célebres e polémicas da produção literária americana "Não é de todo uma má experiência saber que se vai morrer. A primeira coisa a fazer é não sentirmos pena de nós próprios", escreveu em 1976.
O seu livro mais recente, publicado no ano passado foi Diante da Dor dos Outros, um longo ensaio sobre o imaginário da guerra e do desastre. Um de seus últimos ensaios foi Diante da Tortura do Outro, em resposta às denúncias de tortura contra os prisioneiros iraquianos pelos soldados americanos na prisão de Abu Ghraib, publicado no The New York Times Magazine, em 23 de maio de 2004.
"Susan portava-se como uma literata e uma filósofa dos problemas profundos da humanidade no nosso tempo", disse Arthur Danto, professor emérito de filosofia da Universidade de Columbia.
Apesar de ser uma intelectual das mais sérias, Susan foi também uma celebridade popular, em parte por causa de sua aparência despojada, em parte por causa do seu discurso muitas vezes inflamado contra os políticos.
Ela foi indubitavelmente a única escritora de sua geração a ganhar os prémios máximos da literatura: o National Book Critics´ Circle Award, o National Book Award e o MacArthur), e ao mesmo tempo aparecer em filmes de Woody Allen e Andy Warhol, participando de vários eventos ícones da cultura popular do século 20.
Para Susan, "cultura" abrangia uma vasta e potencialmente ilimitada paisagem. Ela escreveu estudos sérios sobre arte popular, como cinema e ficção científica, e escreveu ensaios sobre escritores e cineastas que admirava - muitos franceses - como Jean-Paul Sartre, Roland Barthes e Jean-Luc Godard. Publicou ensaios sobre fotografia, dança, aids, política e pornografia, transitando entre a cultura popular e a academia.
Susan era conhecida também pelo seu activismo a favor dos direitos humanos e presidiu, de 1987 a 1989, o Centro norte-americano PEN, a organização internacional de escritores dedicada à liberdade de expressão. Viajou para as regiões de conflito na Bósnia e em Sarajevo, fazendo campanhas de solidariedade. Criou polémica com o Nobel de Literatura colombiano, o escritor Gabriel García Márquez, em abril de 2003, questionando o seu silêncio, diante da execução dos três principais autores do seqüestro de uma embarcação cubana com 40 passageiros a bordo, ocorrida poucas semanas antes.
Mais uma das minha heroínas que 2004 levou.
"Não é de todo uma má experiência saber que se vai morrer.A primeira coisa a fazer é não
sentirmos pena de nós próprios",assim escrevia em 1976 depois de vencer a luta contra um cancro da mama em que os médicos lhe vaticinaram que tinha uma hipótese em quatro
de viver cinco anos. Acabou por morrer agora vitima de leucemia.
Triste 2004 que levou tanta gente boa e inteligente...
Quinta-feira, 30 de Dezembro de 2004
O homem que desde os tempos mais remotos até à modernidade julgava
que dominava a natureza, mais uma vez e no século XXI comprovou a sua
fraqueza e impotência,tal a fúria com que a mãe natureza irrompeu do fundo
oceânico e varreu tudo à sua frente tornando o ser humano da dimensão de
uma simples formiga. Será,como dizia Leibniz que vivemos no melhor dos
mundos possíveis?
O princípio da razão suficiente que os filósofos racionalistas meditaram logo
após o terramoto de Lisboa em 1755?
Estas e outras questões ficam para meditar,faz-nos pensar, agora o importante
é tentar ajudar os sofredores da maior dor do mundo, a morte, os feridos, os
desalojados,os orfãos!...os necessitados dessa fúria da natureza...
Podem contribuir através da TMN com uma MSM a dizer AJUDA para o nº 12700
no valor de 1 até 31/01/2005.
Quarta-feira, 22 de Dezembro de 2004
Atravessamos a cidade devastada enquanto todos dormem
Esperamos que a noite passe
Ocultando-nos
No silêncio interminável
Da primeira hora ignorada
Despertámos agora suavemente
Para um reino de pureza
Aprendemos a traduzir dolorosamente
Todos os fragmentos do amor
Para uma nova linguagem
Regressámos ao tempo da loucura sagrada
Pedi a Deus
Dá-me mais tempo
Preciso de mais tempo
E Deus disse-me
Já fizeste coisas maravilhosas...
É quanto basta.
Terça-feira, 21 de Dezembro de 2004
Un lector
Que otros se jacten de las páginas que han escrito;
a mí me enorgullecen las que he leído.
No habré sido un filólogo, no habré inquirido las declinaciones, los modos,
la laboriosa mutación de las letras,
la de que se endurece en te,
la equivalencia de la ge y de la ka,
pero a lo largo de mis años he profesado
la pasión del lenguaje.
Mis noches están llenas de Virgilio;
haber sabido y haber olvidado el latín
es una posesión, porque el olvido
es una de las formas de la memoria, su vago sótano,
la otra cara secreta de la moneda.
Cuando en mis ojos se borraron
las vanas apariencias queridas,
los rostros y la página,
me di al estudio del lenguaje de hierro
que usaron mis mayores para cantar
espadas y soledades,
y ahora, a través de siete siglos,
desde la Ultima Thule,
tu voz me llega, Snorri Sturluson.
JORGE LUIS BORGES
Segunda-feira, 20 de Dezembro de 2004
Para não pensar,pois o cérebro nesta quadra é para relaxar!...
ESTRELAS
Sobre o Japão é tudo estrelas
estrelas que fedem a petróleo
estrelas que falam como gringo
estrelas chocalham como Fordes velhos
estrelas da cor da Coca-Cola
estrelas que zumbem de geladeira
estrelas com gosto de enlatado
estrelas tratadas a algodão e pinça
esterilizadas com formol
estrelas com radioactividade
algumas delas muito velozes para os nossos olhos
algumas destas estrelas com órbitas excêntricas por aí abaixo
vão de mergulho ao alicerce do universo
sobre o Japão é tudo estrelas
e nas noites de invernia
realmente em toda a noite
sua cadeia estendem dura e fria.
TAKENARA IKU
Sábado, 18 de Dezembro de 2004
«VIVEMOS NUMA GUERRA CONSTANTE DE COMPETIÇÃO E AOS ALUNOS
ENSINAM COISAS DESNECESSÁRIAS. O FUTURO É PROMISSOR NA JUSTA
MEDIDA EM QUE AS MÁQUINAS VÃO SUBSTITUIR O TRABALHO MANUAL
HAVENDO ASSIM TEMPO PARA O ÓCIO E O LAZER. TODA A GENTE NASCE
POETA E UMA DAS FORMAS DE CRIAÇÃO E POESIA É A VADIAGEM. TEMOS
ASSIM UMA CULTURA DE CRIAÇÃO DE ARTE, POETAS À SOLTA NO SEU LAZER,
CADA UM DEVE ESCOLHER A SUA ARMA COMO FORMA DE TRABALHO E É PRE-
CISO SABER SER VADIO. ARTE,CRIAÇÃO, O HOMEM NÃO NASCEU PARA TRA-
BALHAR, MAS PARA CRIAR, É O TAL POETA À SOLTA. TEMOS QUE ENFRENTAR
ESTA GUERRA COM A POLÍTICA DOS TRÊS ESSES (SSS),A SABER; SUSTENTO,
SABER E SAÚDE.»
PARA O NOSSO FILÓSOFO FICOU UMA QUESTÃO NO AR, O QUE É CULTURA
GERAL?
UMA VEZ QUE O MINISTRO DA EDUCAÇÃO COLOCOU UMA PROVA DE CULTURA
GERAL PARA ADMISSÃO À UNIVERSIDADE, AGOSTINHO DA SILVA FICOU MUITO
ESPANTADO PORQUE NINGUÉM LHE EXPLICOU O QUE ERA ISSO DE CULTURA
GERAL.
QUE EU SAIBA O MINISTRO DA ALTURA OU OUTROS QUE VIERAM DEPOIS NUNCA
LHE RESPONDERAM A ESSA TAL IMPORTANTE QUESTÃO E DESCONFIO QUE NÃO
VIERAM A TEMPO POIS O NOSSO FILÓSOFO JÁ NÃO ESTÁ ENTRE NÓS.
RTP- MEMÓRIAS, ENTREVISTA DADA A MARIA ELISA
NO ANO DA GRAÇA DE 1990
E COMPETENTEMENTE REPETIDA NO SERÃO DE HOJE
20 VALORES Á R T P
Sexta-feira, 17 de Dezembro de 2004
O QUERIDO LÍDER COM A TURBA MULTA À ENTRADA DO TRIBUNAL
A ALTERNADEIRA PAULA...DO SECRETÁRIO
Para principiar melhor o fim de semana não à melhor que a comédia deste país.
Soube-se que o Querido Líder nortenho Pinto da Costa vai candidatar-se à
Camara do Porto contra Rui Rio. A possibilidade de vitória é bastante grande face
à impopularidade das medidas de Rui Rio em antagonismo claro ao FCP.
O problema é somente mais grave,porque se diz em surdina que o grande chefe
dos dragões tem em vista a protecção política ao vir a ocupar um cargo público para
assim poder branquear os crimes de corrupção a que está indiciado pelo tribunal de
Gondomar. Para aumentar as suspeitas tb se soube hoje que o presidente do Boavista
João Loureiro tb vai ser indiciado,assim se vai compondo o puzzel do tal sistema que
tanto se tem falado nos últimos anos. Há! Pois o Boavista tb foi campeão à pouco tempo...
É de realçar também o regresso ao seu habitat natural, a alternadeira Paulo Portas,isto
combinado com o boom da entrada política do Pinto da Costa faz uma mistura explosiva
cuidem-se agora os árbitros de futebol e os comentadores políticos. A casa das meninas
vai voltar lá para esses lados,onde o vento corre de nortada.É o xico-espertinho português
no seu melhor,a saber; O paulinho das feiras regressa ao trabalho de demagogia popular
e Pinto da Costa entra para a política. Querem melhor regabofe para este país?
Quarta-feira, 15 de Dezembro de 2004
Sinto-me outra vez como se fosse um adolescente,
sinto-me como se tivesse entrado pela porta e de cabeça em fogo,
escrevi isto como se fosse uma cancão - não sei para quem é.
As mãos firmes mantiveram-se in camera,
era capaz de jurar ter ouvido o Uno exclamar;
«Sou um viajante, desfaço nós, para narrar
intrigas e tramas nesta minha escrita paradoxal,
vivo apenas através do sofrimento e da humilhação,
e da mundança, movimento...!»
No meu quarto, túmulo tombo língua secretos,
posso ver o futuro a formar-se,
tempestades de espaço/tempo:
sou todas elas
e apenas tenho de escolher, opção!
Ficarei morto na cabeça se cair
no abismo,
subtil regaço,
cobertura da segurança...
Mas vou vivendo enquanto escolho,
irei deixando esta nave porque
a mentira e os porquês se desvelam
no nome dos raios desta luz...
TROVÃO
SILÊNCIO.
Presságios...
Terça-feira, 14 de Dezembro de 2004
Olhamos para os grandes ditadores e achamo-los menos que mortais,
os seus nomes são pó ante a nobre marcha da nossa jovem lei nova.
Agitam-se os ânimos, continuamos a precipitar-nos para o portal tenebroso,
ninguém pode assombrar a nossa fantasmática cripta final.
E, enquanto os mais velhos franzem as sobrancelhas,
sabem que é demasiado tarde para nos fazer parar
porque, se o céu está semeado de morte,
de que serve respirar? EXPIRA!
Que objectivo nos resta senão querer escrever
à procura de algo de que não estamos muito certos?
Segunda-feira, 13 de Dezembro de 2004
Olhámos para os heróis e eles querem-no,
observámos o todo, mas não conseguimos
ver a liberdade, a bela madrugada que
tantas doces insónias me inspiram,
ousámos agora queimar o céu com ferro em brasa,mas
ainda sangramos,ainda sangro dos meus olhos
ao olhar este inferno diluviano entre fogo e fumo,
estamos quase a chegar ao alto da montanha que nos divide,
e as nuvens acumulam-se em formas montanhosas,
não há outro remédio senão avançar.
Não me peçam agora uma resposta,
é demasiado tarde para nos inclinarmos perante esse ódio
que destino nos resta ou me resta senão escrever ou morrer?