Em geito de resposta à (in)perfeição.blogspot.com, diria que sim...
claro que existe amor... mas um amor romance positivista, estoico
maturo e imaturo:Em primeiro lugar remete-nos para uma reflexão
sobre os afectos, uma meditação acerca do papel do Eros
numa relação a dois e finalmente para sintetizar o tríptico a relação
do amor como complexidade e paradoxilidade. Face à infelicidade da
maioria das vidas emocionais em que a paixão domina a razão, o
positivismo romântico tenta in-dentificar causas sendo uma emergente
sobre-vivência do complexo de amor-próprio,do paradoxo do amor
contemplativo tipo platónico e de um amor carnal mais concreto em que
o desejo e a vontade são imperativos categóricos. Tem graça que pouco
depois de entrar em férias encontrei um livro numa livraria,uma obra
escrita por Peggy Nearly e que dava como título "Coração Ensanguentado".
Embora cheio de pressa acabei por comprar o livro, atraído por uma pergunta
postada na contra-capa:«Será que amar tem de ser sempre sinónimo de
sofrer ? Logo na primeira página fiquei a saber quem era Peggy Nearly...
licenciada pelo Oregon Institute of Love and Human Relations,vivendo
actualmente na região de S.Francisco,onde dá consultas de psicanálise,
terapia infantil, dinâmica de grupo e agorafobia.
E de que tratava o Coração Ensanguentado ? Narrava a história infeliz,
mas optimista, de homens e mulheres que se apaixonam pelo parceiro
errado, o qual os trata com crueldade, deixa emocionalmente insatisfeitos,
se entrega à bebida, ou é violento. Essas pessoas faziam uma associação
inconsciente entre amor e sofrimento e continuavam à espera que os tipos
inadequados, que tinham escolhido adorar e amar mudassem e passassem
a amá-las como deve ser. A meio do livro já tinha compreendido que o nó do
problema apontado residia numa má educação dada pelos pais na perspectiva
de uma visão deformada do processo afectivo. quando acabei de ler o livro
dei por mim a estabelecer uma comparação talvez pouco plausível entre a
cruzada dos escritos da Dr. Nearly e a heroína da grande obra de Flaubert, a
trágica Madame Bovary. Quem era Madame Bovary ? Uma jovem que vivia na
província francesa, casada com um marido adorável que ela odiava porque
associava amor a sofrimento. Em consequência, começou a ter relações adúlteras
com homens indesejáveis, cobardes que a tratavam com crueldade e não satisfaziam
os seus anseios românticos. Madame Bovary acabou por adoecer por não perder
a esperança de que um dia esses homens iriam mudar e amá-la devidamente - o
que era óbvio que para eles, ela não passava de um mero divertimento.Infelizmente
acabou por não descobrir a origem do seu comportamento masoquista. Deixou o
marido e o filho,esbanjou o dinheiro da família e por fim suicidou-se com veneno
deixando um filho pequeno e apesar de tudo um marido desesperado. Imaginamos
se Madame Bovary tivesse podido falar com a Dr. Nearly ? E se o positivismo
romântico tivesse tido a hipótese de intervir numa das mais trágicas histórias de amor
da literatura ?